Cinco lições da pandemia para a sociedade do futuro

Cinco lições da pandemia para a sociedade do futuro

Enquanto tentamos nos adaptar à uma nova realidade em meio à pandemia, percebemos que esse pode ser um momento decisivo para cultivarmos hábitos mais conscientes.

Apesar de não existir fórmula mágica para lidar com uma crise global, cada um de nós vai vivendo um dia após o outro e tirando lições importantes em meio à tudo isso.

Afinal, estamos vendo de forma clara que os comportamentos individuais podem sim mudar o mundo em que vivemos. Por isso, seria uma pena não usarmos esse momento para aprender com nossos erros e lutarmos por um novo “normal”.

Diante de um contexto tão conturbado, quais lições podemos tirar da crise do coronavírus?

 

1. Menos é mais: você já está praticando o consumo consciente na quarentena

O consumo desenfreado também entrou em quarentena. A pandemia causada pelo novo coronavírus trouxe a oportunidade de refletirmos sobre o impacto do nosso poder de compra no planeta, na economia e na sociedade.

Agora cada compra vem acompanhada de uma pergunta simples, mas muito poderosa: “eu preciso mesmo disso?”. Foi assim que as compras por impulso diminuíram e 66% dos brasileiros pararam de frequentar shoppings, por exemplo.

Outra lição importante foi o fortalecimento do movimento “compre do pequeno”. Nas redes sociais, vimos uma mobilização de pessoas solidárias aos comércios locais, que sem dúvida são os mais impactados em momentos de crise.

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Ao priorizar o mercadinho do bairro ou aquela marca independente, vimos que o nosso consumo tem o poder de assegurar empregos e fortalecer a economia local. Sim, nosso consumo é poderoso! Com ele decidimos todos os dias o que queremos e o que não queremos que exista. É como um voto. Toda vez que compramos o morango orgânico votamos a favor da produção de orgânicos. E toda vez que compramos um produto chinês muito barato, provavelmente estamos votando a favor do trabalho escravo infantil. Então que tal usarmos nosso dinheiro para financiar o mundo que queremos daqui pra frente?

É importantíssimo valorizar o trabalho de empresas movidas por um propósito que vai muito além do lucro. Use todo o poder da internet para investigar qual o impacto socioambiental daquela marca que você gosta.

Em tempos de crise, a lição é ligar o modo consciente e observar com mais atenção tudinho que a gente consome.

Como ser mais sustentável e ainda economizar? 7 dicas FÁCEIS!

 

2. Empatia na pandemia: descobrimos que cada gesto realmente importa

O combate ao novo coronavírus deixou claro que cada gesto individual tem um impacto enorme no bem-estar coletivo.

Por isso, cuidar de si, também é cuidar do outro. Ficar em casa, lavar bem as mãos e usar máscaras são atitudes simples, mas que podem salvar vidas!

Diante disso, a pandemia nos ensina uma lição valiosa sobre empatia. Agora temos a oportunidade de expandir as nossas fronteiras de cuidado para além de familiares e amigos e ajudar até mesmo quem a gente nem conhece.

E foi assim que no Brasil e no mundo, a solidariedade se tornou uma das principais armas contra a pandemia.

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Pensando no coletivo, moradores das favelas se organizaram para ajudar quem mais precisa por meio da distribuição de cestas básicas e kits de higiene pessoal. Empresas reorganizaram suas atividades para ajudar na produção de máscaras e álcool em gel.

A onda solidária chegou até mesmo em gestos simples como fazer as compras para os vizinhos mais velhinhos, para que eles não precisem se expor ao risco.

O grande aprendizado é o pensar global e agir local. Tudo isso deixou claro que, assim como sair de casa uma vez a menos importa, usar uma sacolinha plástica a menos no supermercado também, e muito. Afinal, quando cidadãos comuns se unem, ficamos mais fortes para enfrentar os problema juntos.

 

3. Coronavírus ensina que a saúde humana depende de um meio ambiente saudável

A redução das atividades durante a quarentena fez as águas dos canais de Veneza ficarem cristalinas e a qualidade do ar melhorar a ponto de “salvar” a vida de 77 mil pessoas na China em apenas 3 meses.

Pois é, a natureza nos mostrou que do jeito que vivemos não dá pra continuar. É hora da humanidade abraçar a missão urgente de cuidar do nosso planeta e, assim, cuidar de nós mesmos.

Um relatório da ONU apontou que cerca de 70% das doenças que surgiram desde os anos 1940 tiveram origem animal, assim como o novo coronavírus. E sabe qual o motivo disso? A degradação do meio ambiente causada pela derrubada de florestas, produção agrícola desenfreada e comércio de animais silvestres.

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Talvez a lição mais importante que podemos tirar de tudo isso é que não podemos mais tratar a saúde humana, animal e ambiental de maneira isolada. Afinal, fazemos parte de um todo chamado Terra, certo?

Nesse momento, mais do que refletir, temos o poder de agir! A pandemia causada pelo coronavírus já nos ensinou que cada escolha individual faz toda a diferença para a sociedade e também para o planeta.

Diante disso, ao transformarmos velhos hábitos, podemos nos tornar cidadãos mais conscientes para cobrar medidas mais firmes de responsabilidade ambiental, tanto dos governantes, quanto das empresas. Afinal de contas, o que está em jogo é o próprio futuro da humanidade, não é mesmo?

 

4. De cientistas à catadores: valorização de serviços essenciais durante a crise

A recomendação é ficar em casa. Apesar disso, milhares de trabalhadores ainda precisam sair às ruas para garantir os serviços essenciais à população.

Além dos profissionais de saúde, a crise do coronavírus também serviu para destacar com marca-texto a importância de outros setores fundamentais para o funcionamento da vida em sociedade.

Os catadores durante a pandemia

Os catadores, por exemplo, são responsáveis por 90% da reciclagem em todo o Brasil. No entanto, as cooperativas precisaram paralisar suas atividades devido ao risco de contágio ao vírus. Diante disso, a saída foi a criação da Campanha de Solidariedade aos Catadores do Brasil. Nesse fundo nacional, qualquer pessoa pode colaborar como puder para ajudar esses profissionais neste momento tão difícil.

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Além disso, o momento pede a reeducação ambiental de cada um de nós. Por isso a importância da correta separação e higienização desses resíduos que começa ainda na nossa casa. E claro, evitar qualquer outro tipo de material que não seja reciclável e que ofereça riscos à saúde do catador, como luvas e máscaras.

Cientistas no combate ao coronavírus

A pandemia também serviu para abrir nossos olhos sobre a importância dos pesquisadores da área científica. Afinal, são eles que estão na luta por soluções de combate e cura ao coronavírus, não é mesmo?

Em tempo recorde, as cientistas brasileiras, Ester Cerdeira Sabino e Jaqueline Goes de Jesus, lideraram o sequenciamento do novo coronavírus em apenas 48 horas, logo após a confirmação do primeiro caso da doença no Brasil. A pesquisa delas ajudará a entender a origem da epidemia e também auxiliará no desenvolvimento de vacinas no futuro.

Mulheres na linha de frente

Falando em trabalho feminino, vale lembrar que 85% das trabalhadoras na linha de frente de combate ao Covid-19 no Brasil são mulheres. Além do trabalho formal, elas precisam ainda lidar com o trabalho não-remunerado, como os cuidados com filhos e com a casa. Sabia que nós, mulheres, realizamos 3 vezes mais esse tipo de “trabalho invisível” em relação aos homens?

Diante de tudo disso, não podemos cair na armadilha de romantizar profissões. Afinal, apenas chamá-las de heroínas, não garante que elas tenham melhores condições de trabalho ou remuneração justa, certo?

Como sociedade, a lição que fica é a de que precisamos de um olhar mais humano e ouvidos mais atentos. Dessa forma, conseguiremos ouvir as vozes de cientistas, enfermeiras, catadoras, caixas de supermercado e tantas outras profissionais que, mesmo com medo, continuaram trabalhando para garantir o bem-estar coletivo.

5. O mundo não voltará ao “normal”. E isso pode ser muito bom!

Como será o mundo depois que tudo isso passar? Certamente não seremos mais os mesmos. E isso pode ser ótimo, sabia? Não precisamos voltar àquilo que era considerado “normal”. Até mesmo porque o planeta já nos mostrou que do jeito que estava não dá mais pra continuar.

Neste cenário, as mudanças que estamos passando podem trazer inspiração para estilos de vida mais saudáveis e sustentáveis. Afinal, já estamos vivendo os benefícios de escolhas mais conscientes durante a quarentena.

É, a gente sabe que mudar velhos hábitos é uma tarefa árdua e que exige dedicação e tempo. No entanto, situações de crise como  uma pandemia global, podem funcionar como aceleradores para uma mudança de paradigma nos comportamentos, na economia e nos governos.

Agora já temos provas mais do que suficientes para entender que o crescimento econômico a qualquer custo é insustentável tanto para 0 meio ambiente, quanto para nós mesmos.

Mas, e agora? Bom, diante de tudo isso, chegou a hora de buscarmos um novo “normal”. Com alternativas econômicas mais sustentáveis pautadas na colaboração, solidariedade e respeito à nossa casa, também chamada de planeta.

Isso ainda parece algo distante ou até meio hippie pra você? Pois saiba que já existem estudos que propõem alternativas viáveis para um outro mundo possível.

O modelo do Bem viver

O economista Alberto Acosta, no seu livro “Bem viver”, apresenta um modelo baseado na vida em comunidade de populações indígenas latino-americanas.

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Além de propor o desenvolvimento centrado no ser humano em harmonia com a natureza, o “bem viver” eleva o meio ambiente ao status de sujeito de direito. Em poucas palavras, isso quer dizer que a natureza deve ter seus direitos assegurados, assim como qualquer cidadão.

E foi com esse modelo que Acosta se tornou um dos principais responsáveis por colocar os Direitos da Natureza na Constituição do Equador, um feito inédito em todo o mundo.

A economia Donut

Uma alternativa semelhante, é a “Economia Donut” proposta por Kate Raworth, da Universidade de Oxford. Essa proposta prioriza o bem-estar das pessoas, mas respeitando os limites do meio ambiente. Para isso, devemos abandonar de uma vez por todas o crescimento econômico a qualquer preço.

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A cidade de Amsterdã saiu na frente e já decidiu implementar esse modelo como resposta à crise do coronavírus. Para a vice-prefeita da cidade, Marieke van Doorninck, o modelo donut é capaz de fornecer os mecanismos capazes de superar os efeitos da crise através do desenvolvimento sustentável.

Esses exemplos servem para ilustrar que um novo normal é possível. Mas para que isso aconteça, não podemos ficar de braços cruzados esperando que decidam por nós como será o mundo daqui pra frente, né?

 

A sociedade pós-coronavírus está em aberto

Estamos em um momento único e histórico capaz de mobilizar sociedade, empresas e governos em prol de um propósito comum. E pela primeira vez, estamos vendo em proporções globais que nossos comportamentos individuais podem transformar o sistema no qual vivemos. A sociedade do futuro está em aberto. Por que não usarmos esse momento para criarmos um novo “normal”?

A pandemia já nos ensinou lições valiosas sobre como o planeta clama por atitudes práticas, colaborativas, inteligentes e em harmonia com o meio ambiente. Aprendendo com nossos erros, um novo mundo é possível sim. Mas para que isso aconteça, precisamos lutar juntos por ele. O momento é esse!

Além dessas lições, aposto que você deve estar pensando em tantos outros recortes, certo? Afinal, são muitos os aprendizados que podemos tirar disso tudo.

Por isso, queremos saber: como você gostaria que fosse o novo normal daqui pra frente? Quais outras lições você já aprendeu com tudo isso?

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